domingo, 10 de outubro de 2010

Não Aguento Mais! Saiba Como Pedir Para Trocar de Atividade

É muito importante saber qual é a razão para a mudança. Essa será a primeira coisa que o chefe irá perguntar, alerta consultora
A rotina faz parte da vida profissional de muitas pessoas. Em busca de novos desafios, alguns profissionais pensam em pedir para trocar de atividade ou até mesmo de área na empresa.

Antes de tomar esta decisão, a consultora em Recursos Humanos do Grupo Soma Desenvolvimento Corporativo, Juliana Saldanha, afirma que o colaborador deve analisar quais os motivos que os incentivam a fazer esta mudança.

“Existem duas situações. A primeira é que o profissional está desmotivado, seja com a atividade, com o gestor ou até mesmo com a empresa. Já a segunda é que a pessoa não se identifica com a área em que trabalha”, diz.

Ocasiões diferentes
 
Caso o profissional esteja desanimado com o trabalho, a especialista aconselha que a mudança não seja tão radical, como mudar de área, já que o problema pode ser resolvido com pequenos ajustes.

Em relação à falta de identificação com a área, Juliana indica que, antes de conversar com o líder, o profissional reflita sobre a ideia e faça cursos para se especializar, como uma pós-graduação.

“É muito importante saber qual é a razão para a mudança. Essa será a primeira coisa que o chefe irá perguntar. O profissional tem de deixar claro os motivos”, diz Juliana.

Cultura da empresa
 
Após a reflexão sobre os motivos da mudança, o profissional tem de analisar a cultura da empresa, já que em algumas a possibilidade de realocação é mais fácil. É o que afirma a professora do Núcleo de Estudos em Gestão de Pessoas da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Adriana Gomes.

“A conversa irá depender da cultura da empresa. Algumas podem achar que a troca de atividades ou de área é ruim, pois leva um tempo para o profissional se adaptar. Tudo isso é uma grande miopia, já que a pessoa desmotivada reduz a sua produtividade”, explica Adriana.

Como pedir
 
Caso a empresa possibilite este diálogo, a especialista aconselha que o profissional se mostre interessado em outras atividades ou áreas. Uma dica é sugerir que seja incluído em alguns projetos.
Durante a conversa, é importante ressaltar que não deixará de fazer as suas atividades, mas gostaria de conhecer outras. “Isso fará que o processo de transição de área ou cargo amadureça”, diz Adriana.

O profissional também deve considerar a situação da empresa, já que pedidos de mudança não são bem vistos em momentos de reestruturação da equipe ou da área e se a empresa estiver com funcionários a menos.

“As pessoas querem respostas imediatas, mas elas têm de pensar na empresa. É importante lembrar que a equipe tem de ser um time. Não pode pensar só no seu lado. Mas o fundamental é que o profissional entenda realmente quais são os seus objetivos de carreira”, finaliza.

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domingo, 3 de outubro de 2010

O Ócio Traz Felicidade?

O segredo para não ter uma vida completa apenas de ócio nem agitada demais é manter o equilíbrio e organizar as atividades que são importantes para você

É comum nos depararmos com o pensamento: "como eu queria estar, neste momento, no sofá da minha casa sem fazer nada". E mais, achamos realmente que essa atividade, ou essa "não-atividade", nos deixaria mais felizes e realizados do que continuar cumprindo as tarefas chatas, difíceis, coisas do trabalho ou aquelas que fazem parte da rotina diária, como estudar, olhar as crianças, cuidar da casa, etc. A verdade é que esse desejo momentâneo de não fazer nada não nos traria a mesma felicidade que temos ao cumprir as nossas atividades diárias.

Essa é a avaliação de uma pesquisa realizada pela Universidade de Chicago (EUA) e publicada no periódico Psychological Science. O estudo apontou que as pessoas com o número maior de atividades realizadas por dia tendem a ser mais felizes quando comparadas aquelas que não fazem nada. Ou seja, imaginar que a sua vida seria muito melhor, caso ficasse em casa sem nada para fazer ou sem algum papel para desempenhar, é uma vaga ilusão. Mas isso não significa que você deve realizar tarefas freneticamente sem ter uma pausa para descanso, lazer ou meditação. Ao contrário, esse extremo não o deixará mais feliz e possivelmente aumentará a irritabilidade e o estresse, podendo até prejudicar a sua saúde.

O segredo para não ter uma vida completa apenas de ócio nem agitada demais é manter o equilíbrio e organizar as atividades que são importantes para você. Para isso, imagine que a realização de tudo o que você faz no seu tempo pode ser dividido em três esferas: importância, urgência e circunstancial. Essa é a Tríade do Tempo, uma classificação da forma de como utilizamos o nosso tempo. Realizei uma pesquisa para saber como os brasileiros distribuíam a realização das suas atividades nessas esferas:

Distribuição das atividades

O brasileiro tem dividido a realização das suas atividades quase que igualitariamente. O modelo ideal seria um foco maior no que você considera importante, atividades que trazem retorno a sua carreira, sua empresa, sua família e seu equilíbrio. Infelizmente, nosso padrão é urgente, com muitas atividades desnecessárias e sem sentido, que chamo de circunstanciais. Para alterar essa estatística, é preciso adotar um método de planejamento antecipado, para reduzir as urgências, aumentar o tempo no importante e praticamente eliminar as atividades circunstanciais.

Quando deixamos de produzir tendemos a ficar desanimados, nos sentimos improdutivos. Imagine aquele dia produtivo, com reuniões, entrega de relatórios, estudos, academia, compras, jantar com a família. Com certeza se o dia teve mais atividades importantes a sensação é recompensadora.

Como o estudo mostrou, fazer nada não é tão bom assim a sua vida. É preciso ter equilíbrio entre as suas atividades, tempo de lazer, de "ócio criativo" e, se você quiser, um pouco também para não fazer nada. Nossa produtividade está cada vez associada à nossa capacidade de relaxar e entrar em equilíbrio com você mesmo. A vida passa rápido demais para quem só fica correndo no urgente e perdendo tempo no circunstancial. Use seu tempo com sabedoria e na velocidade certa.

Tolerância nas Empresas: Ela Existe?

Colaboradores que conseguem aceitar a diferença do outro estão mais flexíveis para aceitar a sua própria diferença, avalia consultor da Triunfo Consultoria

Muitas empresas tiveram de reavaliar suas posições, com a finalidade de criarem um ambiente saudável de relacionamento entre seus colaboradores. Assuntos delicados, atrelados a discussões que por muitas vezes dividiam os funcionários, passaram a caminhar juntos pelos corredores das organizações.

Trata-se de aceitar as diferenças, dar vazão aos funcionários para que se respeitem e aceitem qualquer diversidade entre eles. A meta é estimular a união, formar uma equipe em prol de um mesmo objetivo.

Entretanto, ao pensar na ideia de que todo colaborador deve alinhar suas particularidades à visão, à missão e aos valores de uma empresa, para fortalecer a execução em busca de um objetivo comum, fica a dúvida: será que as empresas conseguem desenvolver fórmulas capazes de unir todas as diferenças em um propósito maior e comum?

"Infelizmente, percebemos na maioria das empresas, dos líderes aos subordinados, que existem crenças que acabam com a possibilidade de obter a aceitação da diversidade, na íntegra", afirma o consultor da Triunfo Consultoria e Treinamento, Rodrigo Ramos. Segundo ele, isso acontece por motivos simples: aceitar as crenças diferenciadas dos outros incomoda. Exige muito esforço, todos os dias, compartilhar diferentes opiniões, sugestões, pontos de vista e comportamentos.

Espelhos

É natural do ser humano sentir uma enorme satisfação quando se deparam
com indivíduos proporcionalmente "iguais". As pessoas têm enorme prazer quando se reconhecem como "espelhos".

"É lógico que identificação e semelhança são pontos extremamente importantes para não causar angústia nas pessoas. Precisamos do mínimo de segurança para trabalhar e conviver em grupo, mas o incômodo da diferença é essencial. Esse é um dos grandes sabores dentre os paradoxos da vida", avalia Ramos.

Brasil

Nas empresas brasileiras, é possível perceber maneiras para lidar com a agressividade, surtida por causa da manifestação das diferenças.

"Ser diferente causa incômodo. É muito mais difícil sustentar uma posição diferente do que uma posição em que todos pensam igualmente, porém, é muito mais entusiástico e excitante", diz o consultor.
A diferença causa confronto, explica, mas encanta na inovação. Todavia, colaboradores que conseguem aceitar a diferença do outro estão mais flexíveis para aceitar a sua própria diferença, conclui.

"Basta reinventar e estabelecer o slogan: "A diferença do outro liberta a minha diferença", para entendermos que é saudável desconstruir a partir do que vejo de diferente no outro".

Futuro 

Será que nas empresas as pessoas seriam capazes de identificar, reconhecer, aceitar e fazer funcionar os estilos fora de sentido, ao mesmo tempo alimentando a missão, a visão e os valores propostos por uma empresa?

"Acredito que esse seja o desafio de toda companhia. Aliás, acredito que somente a partir do momento que aceitarmos todas essas diferenças e legitimá-las, os colaboradores estarão mais dispostos a se comprometerem e se engajarem em prol dos objetivos estratégicos estabelecidos", finaliza Ramos.

O Que Há de Errado na Área Acadêmica de Administração no Brasil – Parte Final

Por que nossa produção acadêmica em administração não tem nenhum impacto mundial? Último artigo analisando os problemas

Dado o interesse que os artigos anteriores provocaram e os muitos comentários com pontos relevantes, dava para continuar a discussão por mais tempo. Mas para a coisa não ficar parecendo novela mexicana que nunca termina, trago nessa semana a última parte da análise de alguns problemas que vejo na área acadêmica de administração no Brasil. A intenção não é esgotar o assunto, porque há vários outros fatores levantados por alguns dos comentários que mereceriam uma análise mais detalhada – o que pode vir no futuro. Mas vou parar por aqui essa série inicial, passando a bola para quem mais quiser levar adiante o tópico.

Do artigo da semana passada, vários comentários ressaltam o lado prático da administração - o que eu concordo plenamente, e por isso o ensino deve envolver muitos casos, projetos, interações com a prática. Mas o que não concordo é com essa premissa que muitos têm que só a experiência habilita alguém a ensinar o que fazer. Experiência é uma forma demorada de aprendizado. Dá para aprender por outros processos as razões por trás do "como", e ensinar isso aos alunos, que vão colocar em prática o que aprenderam. E não há contradição: prática e teoria andam juntas; acadêmicos observam a prática para gerar suas teorias; administradores aprendem teorias para melhorar suas práticas. Cada um focado em um dos lados, explorando a sinergia entre duas formas complementares de gerar novos conhecimentos.

Bom, vamos aos problemas que eu quero ainda explorar:

Problema 1: A visão que escolas são empresas

Virou "oportunidade de negócio" no Brasil o setor de educação, e junto veio a moda de considerar que escola deve ser administrada como empresa. O modelo "com fins lucrativos" pode até dar certo para "popularizar" o ensino superior (mas daí vem a discussão se isso é bom ou não para o país, algo que foge do escopo dessa discussão), mas para escolas que se pretendem líderes na geração e disseminação de conhecimento, a coisa não funciona muito bem – em qualquer área de conhecimento. As melhores universidades do mundo dão prejuízo, e só se mantém porque recebem recursos de empresas, ex-alunos ou governo. Não porque elas são mal administradas, mas porque manter um padrão de excelência requer recursos que vão além do que pode ser recuperado via mensalidades dos cursos que elas oferecem.

Mas além da questão de ser com fins lucrativos ou não, muitas escolas acham que ter boa gestão significa administrar escolas como se fossem empresas. E colocam no comando executivos que não tem nenhuma noção de como funciona o mundo acadêmico, instituindo práticas que acabam mediocrizando as instituições.

A geração de conhecimento de ponta requer uma série de práticas que, vistas de fora, podem parecer ineficientes e idiosincráticas demais. Mas a coisa funciona bem: nas melhores escolas, os professores têm um peso enorme na administração da instituição, podendo até demitir o diretor da escola. Além disso, a grande maioria dos cargos decisórios são ocupados por professores de forma temporária: depois de 2 a 5 anos eles voltam a ser somente professores e o cargo administrativo é ocupado por outro professor.

São poucas as pessoas de fora do mundo acadêmico que conseguem ter sucesso em ambientes assim. Um exemplo: nos últimos anos, as 3 melhores escolas da Europa colocaram no cargo de diretor ("Dean") profissionais vindos do "mercado" (ou seja, de fora da academia). Nenhum durou longo tempo no cargo, sendo substituídos por acadêmicos. Não vou me alongar hoje nas razões pelas quais isso acontece, mas depois de ter observado governança de muitas escolas pelo mundo, eu acho que elas funcionam melhor quando são administradas por acadêmicos, e de uma forma bem diferente de como se administram empresas. Os objetivos são bem diferentes, a forma de criar valor bem diferente, a função social diferente, e portanto as escolas demandam uma gestão diferente – que poucas pessoas "do mercado" conseguem entender.

Problema 2: Conferências não resultam em melhores artigos

De uma forma geral, enviar artigo para uma conferência é o passo inicial no processo de publicação: você manda o artigo para a conferência, esse artigo passa pela avaliação e comentários de revisores da sua área (outros professores que fazem pesquisa em áreas similares), e você usa esses comentários para revisar o artigo e prepará-lo para uma publicação. Isso assume que seu artigo será revisado com cuidado – e portanto é necessário não sobrecarregar os revisores para que eles possam trazer comentários relevantes para a futura publicação do artigo. Na conferência da Academy of Management, por exemplo, revisores nunca recebem mais do que 3 artigos para revisar (e tem ao redor de 5 a 6 semanas para essa tarefa). E como cada artigo passa por 3 revisores, os autores recebem umas 2 páginas de bons comentários.

Já no Brasil... a maior conferência em administração, o Enanpad, geralmente resulta em 2 ou 3 linhas de comentários, quando muito. Serão nossos professores mais preguiçosos no seu trabalho voluntário de revisor? Não, não: o sistema que é insano. Pelo menos até onde eu acompanhei, cada revisor recebia de 10 a 15 artigos para revisar em 3 semanas. Como são muitos artigos em muito pouco tempo, eles só selecionam "esse aceito, esse rejeito", numa lógica às vezes estranha: já houve artigos premiados internacionalmente que foram rejeitados na Enanpad, e artigos muito ruins que passam no processo de seleção. Mas não dá mesmo para fazer um trabalho decente com tantos artigos para revisar em tão pouco tempo. Ah, e para complicar tudo, tinha um sistema de submissão que rejeitava artigos automaticamente por detalhes de formatação (se uma figura tivesse fonte menor, o sistema rejeitava automaticamente, e não avisava: os autores só descobriam isso quando iam checar os resultados). A forma era mais importante que o conteúdo.

Nos anos que dei aula no Brasil (2002 a 2007), esse problema sempre acontecia, muitas promessas de mudança eram feitas, mas nada mudava. A partir de um certo ponto eu me recusei a revisar artigos, porque não concordava com o sistema – tive que dizer não para colegas que admiro porque eu achava que era a única forma de mudar algo: se todos os professores recusassem a tarefa de revisar, o sistema teria que mudar. Mas acho que ninguém me acompanhou na "greve", e parece que até hoje nada mudou muito. Fica aqui a proposta então: greve!

Problema 3: A linguagem empolada do meio acadêmico

Como tem acadêmico que fala e escreve complicado no Brasil! Artigos em terceira pessoa (coisas como "Fez-se..." o que dá vontade de perguntar "fez-se quem, cara pálida?"), uso de termos que parecem resgatados da Carta de Pero Vaz de Caminha, intonação de "intelectual" ao falar para passar uma imagem de impenetrável... isso tudo cria uma distância entre o acadêmico e os alunos que reforça a premissa – errada, como discuti semana passada – que teoria e prática são coisas distantes e sem conexão.

Está mais do que na hora de refrescar a linguagem acadêmica. Acabar com o mito que texto para ser "científico" tem que ser escrito em terceira pessoa e "neutro", criar uma comunicação mais direta, concisa e com mais estilo. Menos Camões, mais Clarice Lispector e Ana Cristina César.

Problema 4: Really? Ich muss parler d'autres linguages?

É. Precisa. Minha pátria é minha língua, mas para se comunicar com o mundo na área de negócios o inglês é essencial. Os chineses sabem disso, e logo terão a maior população com domínio da língua inglesa no mundo. E, claro, além do inglês, obrigatório, outras línguas também ajudam.

Brasileiro em geral reclama que norte-americano é monoglota (verdade no passado, mas a situação tem mudado nos EUA), sem perceber que o nível de domínio de língua estrangeira no Brasil ainda é muito ruim no geral. Enquanto nossos acadêmicos não dominaram o inglês, o inglês os dominará.

Problema 5: "Gestores" é que capturam valor!

Fecho em círculo, com um problema ligado ao primeiro item discutido lá em cima: com essa premissa que escolas são empresas, os tais "coordenadores" e "diretores" tem um poder enorme de decisão nas escolas brasileiras – poder que fica normalmente com os professores no resto do mundo. Mas há um problema ainda maior por trás disso: ser "coordenador" é a forma de ganhar mais.

Nos EUA os cargos de coordenador de curso ou departamento não envolvem nenhum aumento de salário: enquanto estiver no cargo, o professor continua com seu salário normal mas dá uma carga menor de aulas para compensar o tempo extra no cargo administrativo. Depois de alguns anos no cargo (2 a 5 anos geralmente, dependendo do cargo), volta a sua posição de professor e algum outro o substitui. Ninguém vira "chefe" de forma permanente (o que evita abusos de poder) nem ganha mais por isso.

No Brasil, o cargo administrativo é a única forma para o acadêmico ganhar um salário melhor. Daí quem chega nesse cargo acaba ficando lá por décadas, o que é receita para estagnação.

Isso quando não ocorre algo muito pior: em algumas escolas, os coordenadores ganham tanto a mais e tem um poder tão grande (decidindo por exemplo quem vai ter acesso ou não a oportunidades de consultoria ou cursos executivos que pagam bem aos professores) que isso acaba criando um clima interno de disputa política que mediocriza a produção acadêmica e o ensino. Todos querem dominar as fontes de receita extra. Em algumas escolas, há diferenças que chegam a 10 para 1 no salário mensal dos professores de um mesmo departamento – quem é coordenador ou tem melhor acesso a cursos executivos ganha muito, mas muito mais que os professores que estão lá para cumprir sua missão de pesquisa e ensino. O curioso disso é que os que ganham esses enormes salários não conseguiriam arranjar emprego em nenhuma escola de destaque fora do país, enquanto os que ganham o salário normal poderiam estar ganhando muito mais no exterior. Ou seja, o talento não é recompensado de forma justa. Para comparação: diferenças de salário dentro de um mesmo departamento nas melhores escolas do mundo raramente passam de 2 para 1, e dependem de resultados de pesquisa e ensino. Ao invés de ficar fazendo política, as pessoas concentram seus esforços no que é essencial.

Fico por aqui. Hoje os temas foram mais dispersos, algo como uma "liquidação final" de tópicos que eu achava relevante trazer para o debate. Há outros, claro. Espero que as pessoas se sintam motivadas a debater mais essa questão, e tragam novas idéias. Mãos à obra!

O Que o Filme "Nosso Lar" tem a Ver Com Administração?

Entenda o que o longa-metragem "Nosso Lar", recordista de bilheteria do cinema brasileiro, pode ter em relação com essa área
As produções de temática espírita parecem despertar o interesse dos brasileiros. A expectativa gigantesca na estreia de "Nosso Lar" foi correspondida. O filme baseado no best-seller homônimo do médium Chico Xavier obteve mais de três milhões de espectadores nas salas de cinema de todo o Brasil.

Com isso, a obra conquistou a primeira posição no ranking dos filmes nacionais mais vistos desde que entrou em cartaz. O investimento robusto (ultrapassou a 20 milhões de reais) fez com que os recursos cenográficos recebessem especial atenção, acarretando num dos mais elaborados trabalhos do gênero no Brasil.

Ok, mas o que isso tem a ver com Administração?

Quando assisti o filme no cinema, refleti não apenas sobre questões intrínsecas ao espiritismo (como a reencarnação, questões morais e etc), mas como a Administração pode estar mais presente do que nós mesmos podemos imaginar.

Desde quando foi lançado o livro, nos auges da década de 40, ou com a recente produção do filme, "Nosso Lar" vem criando certa polêmica por determinados fatos decorrentes na sua história.

Caro leitor, quero deixar claro que não farei aqui um juízo de valores, de que é verdade ou mentira, ou se você acredita ou não em assuntos relacionados ao espiritismo. A proposta não é defender determinada doutrina religiosa, mas refletir sobre a presença de mecanismos relacionadas à Administração apresentados durante o filme.

Tese

A tese levantada em "Nosso Lar", assim como na doutrina espírita, de que a vida na terra ("plano material") busca refletir o que acontece no chamado "mundo espiritual", traz a tona a importância da Administração em todos os níveis existenciais.

Nosso Lar
Em "Nosso Lar", o plano espiritual possui muitas semelhanças com a vida que conhecemos. Foto: Divulgação

Geralmente, os livros de "Introdução à Teoria Geral da Administração" definem a Administração como a tomada de decisão e gerenciamento de uma organização. Os princípios para administrar são planejamento, organização, direção e coordenação. Justamente, esses contextos são abordados claramente em diversos momentos de "Nosso Lar".

O didatismo do livro e do filme, que esmiúça cada detalhe dessa outra realidade, indica semelhanças entre os conceitos da Administração do mundo material e espiritual. A própria estrutura  da colônia Nosso Lar atua como um verdadeiro centro organizacional. Há também, uma hierarquia de funções e cargos entre os espíritos, onde é preciso trabalhar para poder "evoluir". Veja alguns exemplos:

Centro Administrativo: Dentro da "colônia espiritual" (a cidade onde reúnem os espíritos), existe a Governadoria que é o local onde partem as coordenadas para a administração pública, representadas pelos Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina.
Juntos, elas configuram um verdadeiro e atuante centro administrativo.

Missões da empresa: Agregar valor, melhorar a qualidade, aumentar a produtividade, resolver problemas e conflitos, alcançar objetivos e, sobretudo, oferecer resultados ampliados. Essas são algumas das diretrizes empregadas tanto nas empresas aos seus funcionários, quanto às utilizadas pelos moradores espirituais em sua rotina.

Direitos e deveres: Temos obrigações a serem cumpridas nesta outra dimensão, na qual, devemos aprender, trabalhar e realizar tarefas, sempre obedecendo uma hierarquia bem dividida e organizada.

Premiação: Os funcionários mais graduados por tempo de serviço, dedicação e espiritualidade, moram mais próximo da Praça Central. Já nas casas mais afastadas estão as residências de uso diversos.

Trabalho em equipe: A vida de cada ser é empregada para servir ao próximo e buscar o auto desenvolvimento, principalmente participando de trabalhos coletivos e aprendendo a escutar os mais evoluídos.

Quase um estágio: Todos são acompanhados e respeitados em seu processo de aprendizado.

A cultura organizacional: Os recém-chegados à cidade espiritual passam por uma adaptação. O mesmo acontence com os profissionais novatos em uma empresa.

Acompanhe o Trailler:

Diante do ponto de vista abordado em "Nosso Lar", as premissas da Administração são primordiais para o estabelecimento da almejada harmonia da organização e avanço individual, independente do lugar e "plano" em que a pessoa se encontra.

Parece que aqueles que gostam de usar o jargão "Administração está presente em tudo na vida", deverão rever ou ampliar seus conceitos.