No início da década de 90, o indiano-americanizado C. K. Prahalad (1942 - 2010), doutor em Administração por Harvard e considerado um dos mais influentes pensadores do mundo dos negócios da atualidade, desenvolveu um conceito que envolveria todo o mundo dos negócios, o chamado " core competency ".
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C.K. Prahalad, um dos mais importantes nomes da Administração |
Nesse conceito, Prahalad afirmava que é preciso focar nas competências essenciais, ou seja, na força principal da empresa. Segundo o doutor, assim, é possível estabelecer melhores resultados nas diretrizes traçadas pela organização.
Até 2004, essa teoria podia ser vista na prática no mercado de séries de televisão. Seriados como Friends, Sex and the City e Beverly Hills estabeleciam como único foco a série na TV, na qual os espectadores tinham uma interação limitada sobre o seriado - que transitava na escolha de poucos canais transmitidos na telinha.
O seriado Lost, que alcança os capítulos finais da sua sexta e última temporada em 2010, surge para ampliar esse conceito estabelecido pelo pensador Prahalad. A série demonstrou como pode ser útil investir em outros mercados a partir do seu foco e produto principal (competência essencial) para obter mais sucesso.
Seriado do mouse
No período em que o faturamento das séries de TV estava em queda, Lost reinventou o mercado de entretenimento.
Através de seu nicho principal, o seriado buscou outras formas de atingir seu público-alvo. Assim, observamos uma nova categoria se apresentando nesse mercado: surge a era do seriado "via mouse", apesar da permanência dos seriados do "controle remoto".
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| Lost invadiu a web e criou o conceito "Seriado do Mouse" |
Lost fez com que a experiência e participação de seus fãs não acabassem quando subissem os créditos do programa na TV. A interatividade que buscou proporcionar através de outros meios de comunicação, principalmente a internet, faz da série um marco de diversão do futuro, transformando-se em um produto verdadeiramente multimídia.
Com a web foi possível colocar o seriado ao alcance do público para que ele o acompanhasse quando achasse melhor. Os produtores da série disponibilizaram o download dos episódios no computador para que seus telespectadores pudessem assistir algum capítulo que tenham perdido na televisão. Além disso, redes sociais e comunidades exclusivas na internet fomentavam o debate em torno do programa.
Inovação como diferencial
Mas por que Lost faz tanto sucesso? A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo. Lost é ousado, inovador, emblemático e, sobre tudo, misterioso. Nesse quesito, a série mostra que, mesmo que um mercado esteja saturado e com declínio de clientes, ter uma postura inovadora e buscar novas formas de agregar valor a sua identidade e chamar atenção dos seus clientes, podem ser a melhor forma de alavancar resultados.
Na série, essa atitude diferenciada fez com que uma legião de telespectadores quisesse saber mais sobre a ilha, seus personagens e os mistérios que surgiram nesse local enigmático. Os produtores aproveitaram essa brecha e estimulavam o interesse dos fãs, assegurando que os detalhes vistos pela TV, não fossem perdidos. A criação de novas modalidades de entretenimento com material extra, vídeos, jogos, livro de suposto personagem do programa e número telefônico da empresa aérea fictícia, por exemplo, compuseram inúmeras (essas) ferramentas de diversão que envolviam cada vez mais os fãs (veja mais na tabela).
Transformação: Como não se limitar apenas à normalidade?
A solução vista em Lost pode ser comparada com o conceito abordado por Philip Kotler, considerado o pai do marketing moderno, que identifica a ramificação de diversos formatos de atingir o público como "Marketing Lateral". Nesse conceito, Philip Kotler afirma que "estamos vivendo tempos em que diferentes indústrias estão convergindo e criando novas categorias. A criação de um novo mercado ou categoria é a maneira mais eficiente de concorrer em mercados maduros nos quais o excesso de marcas não deixa espaço para novas oportunidades".
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| Lanchonete Pedaço de Pizza em SP |
No Brasil, uma pizzaria em São Paulo seguiu esse conceito e, a partir de um produto, buscou criar um novo jeito de vender pizza, agora oferecida apenas em pedaços. Na capital paulista, onde é possível encontrar em cada bairro dezenas de pizzarias, os empresários da lanchonete Pedaço da Pizza implementaram essa idéia que nasceu nos Estados Unidos. Eles souberam se adaptar ao gosto de seus consumidores e ganhar clientes fiéis em um mercado altamente competitivo.
Sair dos limites da normalidade e buscar inovação parece ser a receita certa dos empreendimentos. Exemplos no mercado para essa constatação não faltam: Google, Apple, Microsoft e Amazon são apenas algumas empresas que alcançaram sucesso através de suas propostas inovadoras.
Lost não fica fora desse grupo. O grande precursor da "era do seriado do mouse", antes limitado na TV, passa a eternizar sua história através da Internet.
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