quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estágio: Julho é o Grande Momento Para Agarrar uma Oportunidade

Com a nova Lei prestes há completar dois anos e o mercado mais concorrido, número de postos ainda não atingiu o nível pré-crise, mas segue tendência de alta, com contratos mais sólidos, do ponto de vista jurídico

Passado o carnaval, a Copa do Mundo e um semestre de inúmeros feriados, chega julho, com as férias. Muitos estudantes já se animam com o prolongamento da vida mansa que foi a primeira metade do ano e começam a planejar viagens e dias de muita curtição. Mas, para os espertos, uma dica: não há momento melhor para quem busca um lugar no mercado de trabalho.

O mês de julho registra, em média, um crescimento de 30% na oferta de vagas, porque é um período em que as empresas estão fazendo substituições em seus quadros de estagiários. E a demanda fica ainda maior porque muitos estudantes convocados para assumir postos ou participar de entrevistas não comparecem, por não quererem abrir mão das férias.
O momento vivido pelo Brasil também contribui para um aumento na demanda por estagiários. Hoje, recuperado da má fase na economia, o mercado caminha no sentido de restabelecer os índices pré-crise. De acordo com dados da Associação Brasileira de Estágios – Abres, o país deve encerrar 2010 com 1 milhão de estagiários.
Embora o índice fique abaixo do registrado antes da crise – 1,1 milhão – já há uma tendência de recuperação, com a ampliação em 15,5% no número de vagas, com relação ao mesmo período de 2009.
A Nova Lei do Estágio
Nesse contexto, é importante considerar um fator importante: a nova Lei de Estágio, que entrou em vigor, justamente, no auge da crise econômica. Hoje, prestes a completar dois anos, ela segue sob elogios e críticas.
De acordo com Ricardo Romeiro, gerente de estágios e desenvolvimento de novos talentos do Instituto Euvaldo Lodi – IEL – o grande beneficiado foi o aluno, embora ele ainda encontre dificuldades para conseguir uma vaga.
Romeiro elenca benefícios como direito a recesso de 30 dias, redução da jornada diária e redução da carga durante o período de provas como pontos positivos, para os estagiários, determinados na nova legislação. Mas ele chama atenção para o baixo índice de estudantes que estagiam. O gerente ressalta que menos de 5% dos alunos de ensino médio consegue estágio, e cerca de 14% dos de ensino superior.
"Ficou mais difícil conseguir estágios", afirma o estudante de Informática João Batista. "Tenho meu currículo em vários bancos de vagas para estágio. Antes da nova lei, eu recebia de duas a três ofertas por semana através das agências de recrutamento. Após a nova lei, já passei alguns meses sem nenhuma proposta", diz João Batista. O estudante ressalta, no entanto, que "as poucas vagas que surgem oferecem benefícios mais seguros e concretos que anteriormente".
Para Ricardo Romeiro, o efeito negativo da nova lei incidiu mesmo foi sobre quem contrata. "As empresas, que são as responsáveis por abrir vagas, precisavam ter sido mais agraciadas. Houve um aumento da burocracia e dos gastos", destaca o gerente.
"As empresas que utilizavam o estágio como fonte de operacionalização dos seus processos já não veem mais tantos benefícios em ofertar oportunidades de estágio", afirma Sabrina Binato Stangler – coordenadora de seleção da Link/ABRH-RS, empresa que recruta estagiários para empresas.
Viviane Furquim, gerente de gestão de pessoas do Sicredi, uma rede de cooperativas de crédito, diz que não houve redução na contratação de estagiários na empresa por conta da lei. Mas ela vê com reticência a redução da carga horária. "Após esta alteração surgiram algumas reflexões sobre as vantagens e desvantagens de se contratar um estagiário ou efetivo, em função do custo e carga horária de trabalho", afirma Viviane.
Segundo a gerente, "o ponto mais relevante da nova lei é que o estágio necessita se vincular a um projeto pedagógico da instituição de ensino, fato que exigirá um maior comprometimento do aluno, da instituição (de ensino) e da empresa mantenedora do estágio".
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE destaca a ampliação da segurança jurídica dos contratos e da participação da escola e dos agentes de integração no acompanhamento do estágio como pontos positivos. "Com isso, a nova lei aprimorou o já enorme potencial do estágio como fonte de atração e recrutamento de novos talentos", enfatiza Bertelli.
O presidente do CIEE acredita que a lei precisa de aprimoramentos e aponta como exemplos a revisão da determinação da jornada máxima de seis horas para os estudantes de ensino superior e a limitação dos estágios a, no máximo, dois anos na mesma empresa.
Com relação a este último ponto, Ricardo Romeiro pensa diferente. "Já existem projetos no intuito de alterar a lei. Alguns preocupam, porque pretendem, por exemplo, aumentar o estágio de dois para três ou quatro anos, e isso já deixa de ser estágio e vira emprego", afirma o gerente do IEL. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário