segunda-feira, 24 de maio de 2010

Professor versus Educador

            O educador habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e por seus horizontes utópicos. O professor, ao contrário, é funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas. É uma entidade gerenciada, administrada segundo sua excelência funcional, excelência esta que é sempre julgada a partir dos interesses do sistema. Frequentemente o educador é mau funcionário, porque o ritmo do mundo da instituição. Não é de se estranhar que Rousseau tenha-se tornado obsoleto. Porque a educação que ele contempla ocorre colada ao imprevisível de uma experiência de vida ainda não gerenciada. O que aconteceu nesse meio tempo? Para ser gerenciada, a vida teve de ser racionalizada. Bem observa Weber que a racionalização exigia que o corpo do operário, animado pelo ritmo biológico do tempo, fosse submetido ao ritmo da máquina, animado pelo tempo estabelecido pela racionalização. E é nesse espaço-tempo, político-institucional, que existe essa entidade contraditória que recebe um salário, tem CPF, CIC, RG e outros números, adquirem direitos, soma qüinqüênios, escreve relatórios, assina lista de presença e quantifica os estudantes: o professor. Notem o embaraço da gerência para avaliar esta coisa imponderável que é o ensino. Avaliar pesquisa é muito fácil, porque ela pode ser quantificada: número de artigos publicados em revistas especializadas em português, número de artigos publicados em revistas especializadas no estrangeiro (que valem mais), número de livros escritos. Essas são atividades pelas quais um professor ganha concursos, consegue promoções, ganha acesso a administração de projetos e a administração de recursos. Mas e o ensino? Como avaliá-lo? Número de horas/ aula dadas? Neste caso, o professor caixeiro-viajante seria o paradigma. O fato é que não dispomos de critérios para avaliar esta coisa imponderável a que se dá o nome de educação...

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